sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um Delírio (Mais Um Delírio)

Eu venho de outro tempo
Pro qual não posso voltar,
Mas que também nunca se ausenta
Nem de mim, nem de nada.
E esse tempo é tantos tempos...
E sou milhares taravés do tempo/tempos,
Onde tudo está sem estar,
É e não é. E por isso é.
Um tempo que quase ninguém vê
Nem em mim, nem aqui , nem em si...
Apenas o vê quem eu vim encontrar
E que me encontrou.
Eu sou todas as coisas e nenhuma.
A imensidão, a imensidão plena.
O sono e a vida - o êxtase.
Sou o Universo imerso no Universo imerso em mim.
Somos todos a plenitude brincando de ser fragmento,
De ter peso, limite, moral, intelecto,
- medo e miséria-riqueza.
Somos menininhos brincando
De estar na prisão lutando por liberdade
Sem saber se de fatos elas (prisões e liberdade) existem,
Sem saber, em sua inocência, o que de fato elas são.
Somos soldadinhos comandados por nossos delírios:
Nossos delírios- comandos,
Nossos delírios- medos,
Nossos delírios-moral ( e anti-moral-moral),
Nossos delírios verdades incutidas,
Nossos delírios desejos prémoldados,
Nossos delírios sanidade/insanidade
( aos moldes do que é certo).
Somos soldadinhos meninos
Comandados pelo delirante que gritou mais alto
E que em nosso atordoamento gritamos: AMÉM!
Somos soldadinhos meninos
Comandados pelo delirante que
Pareceu mais justo a nossos pais,
Que pareceu mais correto a nossos avós,
Que pareceu mais austero a nossos bisavós,
Que pareceu mais poderoso a nossos tataravós-
Que pareceu mais selvagem a nossos ancestrais milenares.
Passamos o poder a quem nos parece mais capaz,
A quem nossos herdados e sagrados valores sociais ditam ser mais capaz, ser o comandante nato!
E nos anulamos...
E escravizamos, submetendo-nos a nossa crença projetada no capaz comandante,
Nossas mentes, nossos corpos, nossas vidas,
Nossa desconhecida capacidade ou incapacidade
Por que quem não cumprir a lei e o “consenso social”: " tá fazendo coisa feia, meu bem!"
Seguimos ao que pareceu, a qualquer um
E a todos nós, mais protetor
( guiados pela "verdade mais protetora” ou pela preguiça, ou nosso eterno desnorteamento nascido do conflito entre as verdades ditas e as que abafamos em nós)
E o nosso sábio comandante
Era só mais um menininho com medo ou loucura
Por que todos são menininhos com medo ou loucura
Enquanto não são o Universo imerso no
Universo imerso em nós - o que somos.

Estela de Menezes, 10/02/2012