Ele a via assim
Uma luz no centro
da sala refletida na vidraça, que refletia na tela.
Cada vez que ele
se movia pra outro lugar ela ia,
Ou outra então era
ela,
Era ela, ela
mesma! Mas outra forma tomava...
Da primeira vez
que ele a viu parecia que lhe esperava,
Mas a cada passo
que dava
Para outro ponto
ela ia
Ou outra forma
tomava.
Ziguezagueava o
corpo,
Tornava-se mais
esguia,
Ou mais anafada,
achatada...
O que ela
pretendia?
Era assim que ela
via o mundo,
Por isso era assim
que ele a via.
O mundo toma mil
formas
Conforme a mente
que o vê.
Ele fechava os
olhos e então ela sumia,
Ou então, era aí
que ela aparecia!
Mas quando ele a
tocava, não tocava no que via,
Cada vez que se
aproximava, outro lugar, outra forma,
Já não era a
imagem primeira,
Já não era a mesma
Lia!
E ele afinal quem
era?
Quem era ela
afinal?
Reflexos de
reflexos?
Humanas sombras da
noite desfeitas à luz do dia?
Imagens de onde
vindas?
Dizem mesmo nossos
olhos quando morre a realidade,
Quando nasce a
fantasia?
A retina, o olho,
o espelho, a luz, o dia...
A imagem fora do
espelho,
As cores, as
formas... as translúcidas luz e Lia
Mostravam-lhe seu
existir, muitas vezes seus passos guiavam,
Era só... Era tudo
que ele sabia.
Estela de Menezes,
1°/10/2012, à tarde.