segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Espelhos


Ele a via assim
Uma luz no centro da sala refletida na vidraça, que refletia na tela.
Cada vez que ele se movia pra outro lugar ela ia,
Ou outra então era ela,
Era ela, ela mesma! Mas outra forma tomava...
Da primeira vez que ele a viu parecia que lhe esperava,
Mas a cada passo que dava
Para outro ponto ela ia
Ou outra forma tomava.
Ziguezagueava o corpo,
Tornava-se mais esguia,
Ou mais anafada, achatada...
O que ela pretendia?

Era assim que ela via o mundo,
Por isso era assim que ele a via.
O mundo toma mil formas
Conforme a mente que o vê.

Ele fechava os olhos e então ela sumia,
Ou então, era aí que ela aparecia!
Mas quando ele a tocava, não tocava no que via,
Cada vez que se aproximava, outro lugar, outra forma,
Já não era a imagem primeira,
Já não era a mesma Lia!
E ele afinal quem era?
Quem era ela afinal?
Reflexos de reflexos?
Humanas sombras da noite desfeitas à luz do dia?
Imagens de onde vindas?
Dizem mesmo nossos olhos quando morre a realidade,
Quando nasce a fantasia?
A retina, o olho, o espelho, a luz, o dia...
A imagem fora do espelho,
As cores, as formas... as translúcidas luz e Lia
Mostravam-lhe seu existir, muitas vezes seus passos guiavam,
Era só... Era tudo que ele sabia.

Estela de Menezes, 1°/10/2012, à tarde.

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